Fernando Henrique Cardoso é viúvo, carioca nascido em 18 de junho de 1931 (79 anos), formado em sociologia pela Universidade de São Paulo, onde também é professor emérito. Foi por oito anos Presidente da República e neste texto veremos o que mudou desde o dia 1 de janeiro de 1995 até 31 de dezembro de 2002, último dia de seu mandato.
FHC como é conhecido, iniciou sua trajetória na vida pública em 1978, candidato ao senado foi derrotado pelo então companheiro de MDB André Franco Montoro. Sete anos mais tarde em 1985 FHC novamente fora derrotado, desta vez já concorrendo pelo PMDB, quando perderá a prefeitura de São Paulo para o emblemático Janio Quadros, derrota esta que ficou marcada pelo gesto de FHC que se sentou a cadeira de Prefeito antes do resultado da votação. Fernando Henrique já senador foi reeleito em 1986 com recorde de votação, assumindo uma posição de liderança dentro do PMDB junto com Mario Covas, os dois políticos que dois anos mais tarde ajudaram a fundar o PSDB. FHC além de senador por São Paulo foi Ministro das Relações exteriores no governo Itamar, quando ocupou um papel de grande destaque no cenário internacional, posteriormente foi Ministro da fazenda do mesmo governo Itamar, quando na fomentação do minucioso, necessário e salvador Plano Real (tema já tratado brilhantemente pelo meu amigo Nilton aqui no blog) reuniu uma equipe econômica de renome, formada por Persio Arida, Pedro Malan, André Lara Resende, Gustavo Franco, Edmar Bacha, entre outros não menos importantes, no entanto o principal deles, Rubens Ricupero que foi durante seis meses Ministro da Fazenda do governo Itamar em 1994 renunciou ao cargo após o famoso escândalo da parabólica.
Devido ao grande sucesso do Plano Real, FHC, junto de seu vice Marco Maciel (PFL) se elegeu Presidente da República no primeiro turno nas eleições de 1994. No seu primeiro governo, foi aprovada a emenda constitucional que permitia a reeleição para cargos executivos, como, por exemplo, o cargo de Presidente da República. Uma forte denuncia de corrupção, marcou esse episódio, o governo foi acusado na época da compra de votos de parlamentares para a aprovação de tal emenda.
Fernando Henrique Cardoso se reelegeu Presidente da República em 1998 também no primeiro turno, novamente acompanhado por Marco Maciel e pela segunda vez derrotando o então candidato do PT e atual Presidente Lula.
O Segundo mandato de FHC ficou fortemente marcado pelas inúmeras privatizações, sendo a principal delas a da Companhia Vale do Rio Doce e também pelas crises internacionais como a crise asiática em 97-98, a crise russa em 98-99, a argentina em 2001 e além destas, a grande crise ocasionada pela maquiagem nos balanços patrimoniais de empresas americanas, como a Enron.
O Governo de Fernando Henrique é visto como o governo que deu a base para a estabilidade macroeconomia brasileira que se seguiu com mais força com Lula e podemos mensurar isto quando interpretamos alguns números e fatos importantes deste período, como o forte incentivo dado ao capital especulativo estrangeiro, que apesar de ser um capital de curto prazo, o chamado Hot-money, deu equilíbrio a nossa balança de pagamentos, pois inundou o país de dólares, permitindo que o Real se tornasse mais forte diante da moeda estrangeira, no entanto é claro que em momentos de crises internacionais, ou qualquer incerteza perante o Brasil, ocorria a fuga destes capitais externos. Quando isto ocorria o governo era obrigado a se assegurar pedindo auxilio ao FMI, o que era necessário, porém não desastroso, pois veja que com o passar dos anos a economia nacional foi ganhando musculatura, o mercado internacional ganhando confiança no Brasil e a fuga de capitais já não era mais um problema monstruoso para o país (vide isto na crise dos sub-primes, quando batemos o recorde de acumulo de Reservas Internacionais). Fernando Henrique Cardoso assumiu um país quebrado, com uma hiper-inflação na casa dos 900% a.a, não fossem as medidas perante a estabilização do Real e jamais teríamos capacidade de controlar esta hiper-inflação. Em seu governo também ocorreu a renegociação da divida externa brasileira, promovida pelo FMI, que teve inicio em 1993 ainda no governo Itamar, mas que tomou forma nos anos que se seguiram. O então Plano Brady trocou o perfil da divida, que era absolutamente impagável, por um perfil aceitável, o que levou o país de volta ao Mercado Financeiro internacional, podendo negociar, por exemplo, o Global 40, o principal título brasileiro que mede o Risco País e é negociado na Bolsa de Nova Iorque. No seu governo pudemos observar também a criação da importante Lei de Responsabilidade Fiscal, que impôs limites aos Estados e Municípios com relação aos gastos públicos. Outro fato extremamente importante (também já comentado aqui no Blog) foi a implementação do PROER e do PROES, que foram os programas de salvamento do Sistema Financeiro Nacional, o PROER para os Bancos Privados e o PROES para os Bancos Públicos.
Vamos ver agora alguns indicadores econômicos do governo FHC:
- Salário Mínimo – R$ 70,00 para R$ 200,00, uma elevação de 186% no valor nominal;
- PIB – A taxa média de crescimento era de 2,43% a.a. muito superior aos governos anteriores que em algumas oportunidades fizeram o PIB encolher;
- Inflação – Dos assombrosos 916,43% do inicio do governo, já no primeiro ano baixando para 22,41% e no último ano de mandato deixando em 12,53%, com um taxa média de 9,1% nos oito anos de governo (todas as taxas anualizadas e medidas pelo IPCA);
- Desemprego – Iniciou em 5,1%, caindo no primeiro ano para 4,6% e chegando ao último ano de governo em 7,1% (taxas anualizadas);
- SELIC – Abriu 95 em 53,25% e fechou o ano em 41,25%, em 2002 estava em 25% (taxas anualizadas), como a inflação também caiu neste período, os juros reais da economia se tornaram menores, o que permitiu um aumento na oferta de crédito, possibilitando o aumento do consumo pelas famílias.
- Carga Tributária – Fechou 94 em 28,6%, chegou a 28,9% em 95 e fechou 2002 em 35,8% (em relação ao PIB);
- Balança Comercial – O volume de exportações em geral superou o de importações, o que tornou a balança por muitas vezes superavitária. Em 94 o volume registrado de exportações era de 43,5 enquanto as importações eram 33,1, no ano seguinte 46,5 eram as exportações enquanto as importações eram 50 (ano em que a balança ficou deficitária) no último ano de governo o volume de exportações chegou a 60,4 e as importações 47,2, maior superávit atingido em todo o governo FHC. (Volume em bilhões de dólares);
Esses são apenas alguns indicadores do governo, que mostram se bem interpretados que o governo FHC ajustou a economia, por exemplo, olhando a inflação e a SELIC que reduziram abruptamente seus percentuais, como dito acima com isto reduziram os juros reais da economia. Ou ainda a balança comercial que quando superavitária permitiu a maior entrada de divisas no país, o que engordou nossas reservas internacionais, que funciona como uma espécie de seguro em momentos de crise quando bem dosada (tema também já tratado aqui no blog anteriormente).
Concluo dizendo que o governo FHC teve seus pontos positivos e negativos, que no final resultaram em um grande governo, trazendo de volta a confiança e auto-estima do povo brasileiro, podendo ser até classificado como salvador na ocasião em que vivíamos do inicio até a metade dos anos 90, um governo que nos pôs novamente no trilho correto do crescimento e desenvolvimento econômico. Ouso dizer que se não fossem as medidas do governo FHC e hoje estaríamos “batendo lata” nas ruas como ocorrem com nossos vizinhos sul-americanos.
Não deixem de nos acompanhar e até a próxima.
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Por: Rafael Basile