Desde a crise em 2008/2009, rumores rondam a maior mineradora brasileira e 2ª maior no mundo, sobre a substituição de seu presidente executivo, o paulista de 51 anos Roger Agnelli (Se fala Rogêr Anhéli).
Até sexta (18) muito se especulava sobre a pressão política que Agnelli vinha sofrendo, mas oficial mesmo nenhum comunicado direto do governo havia sido divulgado expressando a vontade dos políticos. Até sexta, pois num encontro ocorrido entre o Ministro da economia, Mantega e o presidente do conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão, ficou não só claro, como oficializado o desejo do governo pela saída de Roger da presidência da Vale. Mantega teria pedido a Brandão que a substituição ocorresse na próxima assembleia dos acionistas que acontece no próximo mês. Nomes surgem como o de Fabio Barbosa do Santander, que não só é amigo do ex-presidente Lula, como tem uma relação muito próxima com o atual governo, além, é claro de sua competência, experiência e capacidade mais do que provada ao longo de todos esses anos a frente de instituições como Banco Real, ABN AMRO, Santander e FEBRABAN. A não ser, é obvio, pelas vontades do executivo e dos acionistas, o caminho para a presidência da Vale estaria livre, já que Barbosa não ocupa mais a presidência do Santander no Brasil, substituído pelo espanhol Marcial Portela (ex-diretor geral da instituição) e da FEBRABAN substituído por Murilo Portugal (renomado profissional com ampla experiência no setor público, funcionário de carreira do Ipea que ocupava o cargo de vice-diretor-geral do FMI, 3º cargo mais importante da instituição em todo o mundo). Mesmo com todas as qualidades de Fabio Barbosa, isso é apenas mais uma especulação que pairou sobre o tema em algum momento.
Como todos sabem a Vale foi privatizada em maio de 97, pelo então governo FHC, não que tenhamos a intenção de criticar o ex-presidente, pois temos sempre que tomar o cuidado em não cometer injustiças ao comparar os governos que se seguiram. Os cenários econômicos em cada período não eram nem de longe os mesmos, nós não dispúnhamos naquela época de uma economia tão forte e presente nas questões globais como temos hoje, mas isso é outra discussão. Voltando ao ponto...o fato é! A Vale não é mais uma empresa estatal desde 97, no entanto isso não quer dizer que não se cultive ainda um viés público aos arredores da companhia, o governo influencia as decisões da empresa pelo BNDES e pelos fundos de pensão de empresas estatais como a Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), que são acionistas da mineradora, alias os fundos de pensão todos, não só os da Previ, detém a maior parte das ações da empresa. O conselho de administração da Vale ainda conta com outros acionistas de peso como a Bradespar (empresa de participações ligada ao Bradesco) criada após a privatização em 97 e a trading japonesa Mitsui.
Numa breve descrição da evolução da Vale desde a sua privatização e principalmente desde o inicio da gestão de Agnelli, muitas coisas mudaram e maioria delas para melhor, a Vale produzia em 97 quando foi privatizada, 114 milhões de toneladas/ano de minério de ferro, Em 2005, sua produção se elevou em 44,71% chegando a 255 milhões de toneladas/ano, sendo 23% destinadas às siderúrgicas brasileiras e o restante, destinadas à exportação. O ponto de inflexão da Vale, aconteceu para valer em outubro de 2006, quando a companhia adquiriu a canadense Inco, tornando-se a segunda maior empresa de mineração do mundo, perdendo apenas para a anglo-australiana BHP Billiton. Na operação, a Vale comprou 75,66% das ações ordinárias da Inco por cerca de 18 bilhões de dólares. Ano passado a Vale S/A (Nome alterado em assembleia geral realizada em 2009, que mudou a razão social da empresa de CVRD para Vale S/A) ultrapassou a Petrobras como a maior exportadora do país, mandando para fora 24 bilhões de dólares e contribuindo para o superávit comercial do Brasil com 95,83% desse valor, já que a companhia importa apenas 1 bilhão por ano. Com o preço do minério de ferro em alta no mercado internacional é provável que a Vale mantenha a dianteira neste ano, mesmo com o viés de baixa da matéria-prima no mundo. A empresa atua hoje nos segmentos de Minerais ferrosos, como o minério de ferro, principal produto da companhia, na chamada cadeia de alumínio, que possui bauxita, alumina, alumínio primário, atua ainda no segmento de minerais não ferrosos como o cobre, no segmento de carvão com um dos principais projetos da Vale na vila de Moatize, em Moçambique, uma iniciativa incomum as empresas no mundo todo, explorando a África, última reserva de recursos naturais do planeta, se posicionando estrategicamente em vantagem aos concorrentes, além de gerar desenvolvimento local e por último, os segmentos de fertilizantes com as produções de potássio e manganês, e logística, segmento em que a Vale detém 68% da atividade de carga ferroviária do país e 27% da movimentação portuária total da economia, sendo a maior empresa no setor.
Os números falam por si só, é inquestionável que a gestão do atual presidente Agnelli trouxe para a Vale muitos benefícios e não só direcionados para os acionistas, mas para o país, é claro que escorado numa valorização do minério de ferro em mais de 120% nos últimos anos pressionado pela demanda global e principalmente pela China, a companhia, que é a maior detentora de reservas de minério de ferro do mundo, pôde se beneficiar e dar o salto para a 2ª colocação no ranking das mineradoras do mundo, tendendo ao 1º em breve, mas os ventos foram bons para todos e se a Vale deu o salto que deu, foi por que houve algo a mais, houve uma gestão competente e principalmente por que houve um presidente competente, um economista formado pela Fundação Armando Álvares Penteado, com 21 anos de Bradesco, 10 de Vale, um “espírito animal” e uma visão empreendedora muito peculiar de Agnelli. Então o que explica uma troca no comando da companhia? Pontos controversos vindos do governo como o fato das demissões mássicas durante a crise, sendo que no balanço entre demissões e contratações, o saldo é positivo, à suspensão de investimentos no Brasil, no mesmo período, sendo que a Vale foi a empresa que mais investiu no país e alguns outros pontos que culminaram com uma pressão política pela saída de Roger. Pois é, caros leitores, inexplicável à razão, os números estão dados e ao contrário do governo, o mercado enxerga em Roger Agnelli a garantia de um comprometimento concentrado e direcionado principalmente ao retorno para seus acionistas e uma blindagem contra interesses políticos. Mais um importante dado de 2010 foi o lucro da Vale, por sinal o maior lucro líquido da história da indústria de mineração em R$ 30,1 bilhões. Isso nos abre um precedente para uma reflexão:
Será que problema é mesmo o Roger Agnelli, ou é a cadeira que ele ocupa?
Fontes: http://www.vale.com/pt-br/paginas/default.aspx e matéria divulgada em 21/03/2011 no jornal O Estado de S.Paulo – “Mantega negocia com Bradesco saída de Agnelli” de David Friedlander
Desculpem pelo longo intervalo entre a última postagem e está, mas enfrentamos problemas referentes ao blog, esperamos que gostem deste artigo e se sintam a vontade para comentar.
ResponderExcluirObrigado.