Sempre que se fala em PROER,
certa dúvida sobre a necessidade de ter realizado o programa, ou não, paira
sobre as cabeças esquerdistas que até outrora eram apoiadas pelo PT e
principalmente pelo então presidente Lula. O PROER, muito atacado pelo atual
presidente nos seus tempos de oposicionista, ganhou notórios e rasgados elogios
em meio à crise financeira global de 2008, não só pelos então ex-esquerdistas
do PT, como pelo mundo todo.
Não fosse o PROER e nós
teríamos afundado já naquela época no nascimento do Real. Após longos e
tenebrosos anos de hiperinflação, os bancos aproveitavam esta instabilidade econômica
para desviar recursos, apenas os seis maiores bancos privados do País
embolsaram em 1993, o equivalente a R$ 5,1 bilhões à custa da inflação, ou seja,
a inflação era tão alta que qualquer valor era rapidamente “comido” pela
desvalorização da moeda. Para se ter uma idéia em 2009 o ganho foi 99,31% menor
do que esse valor. Quando veio a estabilização muitos bancos entraram em
dificuldades e muitos em dificuldades graves, com seus balanços fraudados.
Muitos devem estar se
perguntando: Então se os bancos praticaram atividades criminosas em suas
operações, por que fazer um programa de salvamento bancário?
Veja! É necessário que se façam
algumas analises:
1º A resposta já está na
pergunta. O PROER foi um plano de salvamento bancário e não banqueiro!
2º Não fosse isso, teríamos
entrado em um colapso financeiro generalizado com a falência de muitos bancos e
a deterioração de grande parte da poupança dos brasileiros, o que geraria uma
crise sistêmica com a queda brusca da demanda agregada e queda vertiginosa nos
preços dos produtos, o que paralisaria a produção interna.
3º Ao contrário do que foi feito
no salvamento do sistema financeiro mundial nessa última crise, onde os
governos transferiram dinheiro diretamente para os bancos sem punir os
banqueiros, no Brasil que antes se dava dinheiro do tesouro para o banqueiro se
safar, isso não ocorreu, pois o banqueiro vendeu o banco, caso do Bamerindus,
propriedade da família Andrade Vieira, que mais tarde seria incorporado parte
pelo HSBC e parte pelo BACEN, os bens foram penhorados e o banqueiro
processado.
4º O Banqueiro não iria
utilizar o dinheiro do tesouro, mas sim do BACEN, ou seja, do próprio sistema
bancário até que a situação se normalizasse.
5º É obvio que se tiveram
perdas no Tesouro Nacional, mas coisa de 1%, 2,5% do PIB, enquanto normalmente
ocorrem 7, 10, 15% do PIB.
Outro ponto não menos importante
a se ressaltar nesta discussão, porém pouco comentado, por falta de
conhecimento e de interesse político, pois envolveu diretamente os bancos
públicos, é que o PROER foi importante, mas até mais efetivo do que o próprio
PROER foi o PROES.
PROES é o correspondente do
PROER nos bancos públicos que estavam em pior situação que os bancos privados.
Os bancos dos estados estavam
falidos, os governos de muitos estados tomavam empréstimos aos bancos e não
pagavam, funcionava como um caixa 2 veja o caso do BANESPA, que ainda durou até
2000, após ser adquirido pelo gigante espanhol Santander. O PROES teve mais
efeito do que o PROER. Palavras do próprio presidente na época FHC confirmam
esse fato:
“A
Caixa Econômica estava paralisada, pois os estados e municípios não pagavam a Caixa
e como a inflação era alta, todos foram perdendo o controle. Houve um, ou dois
anos que não foi possível publicar o balanço patrimonial da Caixa, por que era
negativo. A Caixa não tinha dinheiro para emprestar.” FHC em entrevista a revista
Veja.
O governo tomou medidas
eficientes para solucionar o problema da Caixa, que hoje é referência quando se
trata de financiamentos imobiliários e recebimento de benefícios em geral. São
elas:
• Foram fechadas agencias que não tinham
sentido, agencias abertas em demasia;
• Foi extinto o controle dos
estados;
• Foi criado um escritório de
negócios, o que gerou insatisfação de muitos deputados, que tinham influência e
favoreciam empréstimos,
Ou seja, a Caixa virou uma
empresa.
Outro caso é o Banco do Brasil,
a dívida agrária do BB era de mais de 20 bi USD, nesta época a divida externa
era de 40, metade da divida. Isso se deu, pois os agricultores só se
financiavam no Banco do Brasil e todo ano se rolava a divida, se renegociava a
divida rural, com isso o BB não recebia. O governo FHC chegou a transferir 7 Bi
de reais que equivaliam a 7 Bi de USD na época, para salvar o BB. A solução de
tal problema só começou a se dar quando no mesmo governo foi criada a Cédula do
Produtor Rural que permitia que ao invés dos produtores se financiassem no Banco
do Brasil, se financiassem no mercado. Uma curiosidade é que nesse mesmo
período criou-se também o PRONAF, financiamento da agricultura familiar, pois
até então só havia financiamento para grandes agricultores, através do Banco do
Brasil.
Se for possível responder a
pergunta do início do texto com outra;
Será mesmo que o PROER foi algo
que recompensou a irresponsabilidade dos banqueiros, ou salvou o sistema
financeiro brasileiro?
Por: Rafael Basile
Quem obrigava o BB a rolar a dívida dos grandes agricultores? Não era a diretoria ou a presidência da empresa e sim o Governo Federal!!
ResponderExcluirSimples. Bastava ter transferido as contas dos bancos que estavam quebrando para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Nacional, sem ter vendido nada aos gringos. Hoje, o Banco do Brasil e a Caixa estariam entre os dois maiores bancos do mundo e não estaríamos na mão de piratas , como Sr. Emilio Botin, Presidente do Santander, que está sendo processado em vários países do mundo, como estamos agora, correndo o risco do Santander quebrar por causa na péssima situação espanhola.
ResponderExcluirSó para esclarecer, quanto representa "É obvio que se tiveram perdas no Tesouro Nacional, mas coisa de 1%, 2,5% do PIB [...]" em R$, só para esclarecer? Seria algo em torno de R$ 100 bilhoes de reais! Uma "coisa" de R$ 100 bilhões não é nada mesmo né.
ResponderExcluirBom esclarecimento! Criticar é moleza, pegar o volante para conduzir as reformas necessárias e atingir os objetivos sem afetar a frágil economia em recuperação é para poucos.
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