12/08/2011

AAA ou AA+... E você com isso?


Nestes dias temos visto nos noticiários, e já estamos de saco cheio, depois que a agência internacional de classificação de risco Standard and Poor’s  (S&P’s), rebaixou a nota dos EUA de AAA (triple A) para AA+ o mercado reagiu de uma forma esperada. Mas daí nasce a seguinte pergunta, no que isto interfere diretamente nas nossas vidas? Considerando nossa situação de cidadãos normais, a mais pura verdade é que o rebaixamento da nota dos EUA não interfere em nada nas nossas vidas, agora vamos explicar o por quê.
Como podemos ver, foram grandes os esforços do então presidente dos EUA, Barack Obama, para que o congresso aprovasse o aumento do limite de endividamento dos EUA.  Desta maneira o país esta seguro de pagar em dia aos detentores de seus títulos. Obama venceu a batalha no congresso, porém a S&P’s não sentiu firmeza na atuação do governo e rebaixou a nota do país. O downgrade causou um mal estar e Obama rebateu a decisão da agencia com o pronunciamento descrito abaixo.


"Não importa o que uma agência pode dizer, nós sempre fomos e sempre seremos uma nação AAA. Apesar de todas as crises que passamos, temos as melhores universidades, as melhores empresas, e os mais inventivos empreendedores"

Nesta mesma semana as bolsas de valores do mundo inteiro registraram as maiores baixas desde a crise financeira de 2008.


Mais uma vez os pequenos investidores são prejudicados pelos especuladores do mercado, Para que você que nos lê possa entender, veja as declarações de Eike Batista, em entrevista a Folha de São Paulo, durante o “caos” da bolsa de São Paulo:

O que o Sr. tem a dizer às pessoas que estão mais pobres porque investiram em suas empresas?
E B - Tenho a dizer que minhas companhias têm US$ 10 bilhões em caixa e que vamos começar a produzir e a gerar receita. O meu mundo real não parou por causa de disciplina financeira e estou com todo o dinheiro necessário para alcançar a produção esperada até 2015. Essa crise está sendo vivida, mas que bom que estou com o caixa forrado e totalmente preparado.

Como manter sangue frio enquanto perde US$ 2 bilhões?
E B - Meu sangue nesta hora está geladérrimo. Não posso fazer uma avaliação dessas se o mundo hoje só quer comprar ações que estão gerando caixa e que pagam dividendo. Bateu uma paúra no mercado. Dinheiro é covarde!
O mundo real está bombando; não tem lugar em avião no Brasil, não tem gente para trabalhar e eu vou pagar dissídio de 8,5% para meus funcionários porque tenho medo de que eles vão embora. Que bom que a Europa e os Estados Unidos não vão crescer. Vai sobrar gente qualificada e equipamento para comprar.


Nos trechos acima Eike define a ideia principal deste texto: a diferença entre o mundo real e o mercado financeiro que vemos todos os dias no noticiário, O mundo real realmente esta bombando, como disse Eike, empregos estão sendo gerados, as famílias estão consumindo mais. Vendo o noticiário esta semana pude ver que as empresas contratarão mais estagiários neste ano de 2011, (o mês de agosto é o melhor para quem procura uma posição no mercado).

Nosso dever, por enquanto, é ficar de olho na evolução da inflação, esta sim nos afeta diretamente. As notícias que vem do hemisfério norte não devem alterar o comportamento do consumidor interno, não que devamos fechar os nossos olhos para os fatos, porém não devemos frear as nossas ações devido a especulações do mercado.

Se você investe em empresas na bolsa de valores, e confia na solidez destas empresas, não saia do mercado agora, desta maneira você vai consolidar as suas perdas e os especuladores vão comprar as suas ações a um preço inferior para se desfazerem na alta destas ações. O mercado trabalha para quem sabe navegar em mares calmos, mas trabalha melhor para aqueles que navegam em águas turbulentas.

Nas ultimas semanas as ações das empresas Vale e Petrobras sofreram grandes baixas, isso não quer dizer que empresas como estas irão à falência, antes de fugir do mercado, reflita sobre a operação das empresas nas quais você investe, pesquise o mercado, leia as publicações dos balanços trimestrais, o parecer dos auditores independentes, diante de todas essas informações, verifique se é vantajoso se desfazer das ações devido a perdas de 5 ou até 10% do capital investido.

Até a conclusão deste texto, a Bolsa de São Paulo estava fechando em alta, ou seja, aqueles que se desfizeram de suas ações no meio da crise instalada pelos noticiários, não acompanharam a alta, quem lucrou foi aquele que aproveitou o pânico dos investidores e compraram ações de empresas sólidas no mercado a preço de banana.


Estamos usando termos acessíveis à maioria dos nossos leitores, não usamos muitos termos econômicos, o objetivo é sermos claros.

Uma vez eu ouvi um professor da faculdade dizer que o dinheiro das bolsas é intangível, hoje eu sei que esta frase faz muito sentido. 


Obrigado e não deixem de nos acompanhar.

29/07/2011

Série - Mercado Financeiro


Opções
A partir deste post por um período limitado, comentaremos sobre os conceitos de um produto financeiro aleatório, iniciando a série Mercado Financeiro.

Neste post trataremos sobre opções de um jeito simples e com exemplos práticos para facilitar o entendimento sobre o assunto.

Definições:

Primeiro, para se entender o que é uma opção na prática é necessário ter o conceito dos derivativos, bem claro.

Derivativos são contratos financeiros que negociam ativos objetos para entrega física, ou financeira em uma data pré-determinada, isto é, derivativo é um contrato que deriva de um ativo, chamado ativo objeto. Por exemplo, uma opção de ação, opção é o derivativo e ação o ativo objeto.

Opções são contratos financeiros onde é negociado o direito de compra ou de venda de algum ativo (ativo objeto), numa data futura por um preço pré-determinado (preço de exercício, ou strike price) e a obrigação da contraparte em comprar ou vender o ativo objeto no futuro.

Envolve a negociação de direitos (direito de exercício) e obrigações sobre um ativo objeto.

As opções podem ser negociadas no mercado de bolsa (padronizada) ou de balcão (flexíveis/não padronizadas).

Em outras palavras...imagine a seguinte situação:

Você acaba de comprar um carro e é claro que tem a intenção de imediatamente fazer um seguro para ele, afinal você quer eliminar os riscos iminentes que podem danar o seu patrimônio recém-adquirido. Então você faz o seguro e dessa forma temos um bom exemplo para tratar com mais clareza sobre o assunto. Nesse caso o carro é o ativo-objeto e a apólice de seguro é o derivativo, pois a apólice só existe para proteger o carro e tão logo só pode existir se o carro existir, isto é, se você vender seu carro imediatamente irá cancelar o seguro. Obs: Seguros não são derivativos, é apenas um exemplo!

Dentro desse exemplo, o que seria a opção?

Imagine outra situação:

Você possui o carro e um amigo seu deseja compra-lo, mas ele só tem 1 mil hoje e o restante poderá pagar daqui 30 dias. Seu amigo acredita que o carro irá se valorizar nesses 30 dias e não quer pagar mais após esse período, então propõe um acordo a você.

O carro custa hoje no mercado 30 mil, se o valor dele ultrapassar 32 mil o seu amigo poderá compra-lo por 30 mil, então ele terá o direito adquirido de comprar por 30 mil o que no mercado estará custando 32 mil e para isso ele te paga antecipadamente 1 mil, no entanto se o preço não chegar a 32 mil, ele não poderá compra-lo e terá perdido os 1 mil. Você ganha 1 mil de imediato e fica torcendo para o carro não atingir os 32 mil.

Esse exemplo acima representa o que seria a compra de uma opção de compra por parte do seu amigo e a venda de uma opção de compra por sua parte, vamos as definições.

Existem 2 tipos de opções:

Opção de compra, ou Call e opção de venda, ou Put. O investidor pode comprar Call e/ou vender Call, comprar Put e/ou vender Put. O exemplo acima trata de compra de call pelo seu amigo e venda de call por você.

Quando o investidor compra uma opção ele compra um direito de exercício e para isso paga uma quantia chamada de prêmio. Quando vende, ele adquire uma obrigação e recebe o prêmio. No nosso exemplo acima, você recebeu 1 mil de prêmio pago pelo seu amigo.

Quando compra-se uma call, compra-se um direito de exercício, ou seja, de comprar um ativo objeto a um determinado preço mais barato que no mercado. Quando se vende uma call somos a contraparte de uma compra de call, portanto devemos vender um determinado ativo objeto a um preço mais baixo que no mercado. O mesmo ocorre para a compra e venda de put, porém o mecanismo é invertido, quando eu compro uma put eu compro o direito de vender mais caro um ativo objeto do que seu preço no mercado, quando eu vendo uma put eu tenha a obrigação de comprar mais caro o ativo objeto que seu preço no mercado.

Veja o quadro abaixo:


Acompanhe nos gráficos abaixo a expectativa do investidor em relação ao movimento de preços do ativo objeto:





O quadro abaixo sintetiza a ideia:

Conclusão:

Derivativos de um modo geral servem para fazer hedge, isto é, proteção contra a oscilação de preços. Claro que existem os especuladores e os arbitradores atrás do lucro, mas isso além de dar liquidez ao mercado, faz parte do capitalismo, não fosse isso e não haveria mercado.

Um abraço a todos e não deixem de nos acompanhar.

26/05/2011

SELIC: apenas mais uma ferramenta!



Todos os dias, pela manhã indo para o trabalho tenho o costume de ouvir o Jornal Gente da Radio Bandeirantes (para quem quiser acompanhar: 90.9 FM, ou 840 AM a partir das 8 da manhã) e nesta última segunda-feira (9/5) guardei algo interessante que o Joelmir disse no seu quadro diário (As 3 faces da moeda) e logo após endossado pelo professor Delfim que todas as segundas fala por volta de 8h30min ao jornal. SELIC alta provoca mais inflação e não menos. Confesso que fiquei ressabiado a 1ª vista, e paguei para ver!

Ao iniciarmos os estudos de economia, logo no primeiro ano de faculdade somos “lobotomizados” a responder a esta questão de bate pronto: SELIC alta; segura ou não segura inflação? Eu, você e provavelmente qualquer outro diria de olhos vendados: SIM, mas voltemos a bater mais uma vez na mesma tecla de sempre; economia tal como as demais ciências humanas e sociais, não se sustenta por apenas uma visão e, portanto não se explica por apenas uma escola de pensamento, ou simplesmente, não há apenas uma resposta correta. Eis então que surge a discussão:
 - Resumindo a questão, estamos no período chamado de aperto monetário, onde o mercado já estima novas altas da SELIC e o governo já admite a “cusparada pra cima” da elevação dos juros internos, criando uma desconexão cada vez maior em relação às taxas de juros externas. Mas isso é outro assunto.  E por que o Tombini faz isso?


 Bem! Uma resposta obvia e pronta: O temor ao retorno do “dragão da inflação”. Certo! Mas o fato é que este, já está à solta aterrorizando o consumidor, com uma perspectiva de fechamento da inflação quase acima do teto de 6,5% da meta para este ano.
Com isso já temos bagagem para irmos imediatamente ao tema central do post:
SELIC alta não é fator determinante no combate à inflação e ao inverso ainda ajuda na elevação dos preços.
 Isso se comprova num recente estudo realizado pela faculdade de economia  La Sapienza University de Roma,  a pedido do BIS (Banco Internacional de Compensações, localizado em Basel na Suíça, o banco central dos bancos centrais), onde neste estudo, por meio de uma série histórica de quase meio século, mostra que as taxas de juros básicas das principais economias do globo quando elevadas tendem a puxar para cima a inflação de seus respectivos países. Esse fato se explica por um raciocínio muito simples:
Taxa base de juros alta, eleva os custos de produção, que são repassados aos consumidores finais.
O preço do carro sobe, por que o minério de ferro sobe, o arroz sobe por que o fertilizante está caro e por ai vai.
Para reforçar essa tese, realizamos um estudo comparativo entre PIBxSELICxIPCA de 2002 para cá, onde fica explicito que há uma relação muito maior de PIB com IPCA do que propriamente, SELIC com IPCA:

OBS1: O prazo médio do mercado para a SELIC fazer algum efeito na economia é de 3 meses.
OBS2: Não considere 2009 na analise, qualquer efeito sobre a economia brasileira naquele momento era totalmente influenciado pela crise de crédito global.
Este gráfico nos diz que o governo segura a inflação freando o crescimento e é pelo PIB que se olha o comportamento da inflação e não pela SELIC.



O que acontece agora com a economia nacional é um reflexo da crise nos gigantes...isto é, as incertezas na Europa e EUA inundam o Brasil de dólares, principalmente pelo ganho de arbitragem entre taxas de juros. A lógica é a seguinte:

- Quanto mais dólar na economia, menos Real, se tem menos Real automaticamente ele está mais caro e se a moeda está mais cara então você tem mais inflação, somado a isso, temos o crédito e a recente ascensão da nova classe média, isso incrementa de maneira preocupante a perspectiva de inflação.

Nesse cenário cabe ao governo central cortar gastos, já que no momento de crise gastou a mais do que devia e o pior, gastou errado. A chamada política anticíclica, veementemente elogia mundo a fora se transformou numa maquina pública inchada, contratar funcionários é política anticíclica até a página 2, na 3 vira gasto permanente, pois quando a crise passa o governo não pôde simplesmente demitir, pelo contrário ainda deve corrigir os salários acima da inflação, pagar 13º, férias, etc, etc, etc.

Por fim é importante salientar que nosso objetivo não é tirar a credibilidade do Banco Central, (que é o menos culpado dessa história), pois em momento algum afirmamos que SELIC não é e não deve ser utilizada como ferramenta de política monetária, apenas estamos mostrando que o que dizem por ai sobre a SELIC é mito, anedota, mas mesmo assim podemos sem medo afirmar: SELIC pode ser utilizada para combater à inflação, mas são os gastos de custeio, que precisam de ajuste antes da taxa de juros.
Não se esqueçam:
Política monetária é refém de política fiscal, enquanto o governo gastar o que gasta e da forma que gasta as chamadas falhas de mercado serão cada vez mais visíveis e nocivas à economia. Tudo tende ao seu devido lugar quando o governo não age com medidas descabidamente populares e inconsequentes, visando o voto e nada mais.
Um grande abraço a todos, não deixem de nos acompanhar.
Economia sem Mito

01/05/2011

Dilma e o combate à inflação



Estamos vivenciando um momento no qual assistimos o avanço da inflação sem uma postura mais enérgica das autoridades responsáveis pelo controle da mesma. A tentativa recente de  frear o consumo, aplicando um aumento da alíquota do Imposto sobre operações financeiras (IOF), podemos afirmar que não tem surtido o efeito esperado.


O que temos visto é a queda do dólar, aumentando o consumo dos produtos importados, e uma grande alta no preço dos alimentos, o que prejudica de imediato a grande parcela da população com poder aquisitivo inferior.


Percebemos que o Governo Dilma vem atacando a inflação com certo ar de leveza, o que nos preocupa, pois a estabilidade em que vivemos nos últimos anos, pode estar ameaçada. Lula acertou ao dar continuidade no modelo de sustentação da estabilidade deixado por FHC — o tripé formado por câmbio flutuante, geração de superávit nas contas do governo e metas para a inflação.
A inflação é um pesadelo para empresários, cidadãos comuns e até mesmo o próprio governo.
“O mercado está confuso porque a política econômica tem tentado perseguir simultaneamente vários objetivos díspares”, diz o economista Cláudio Haddad, presidente da escola de negócios Insper, de São Paulo. “De um lado, o governo anuncia um ajuste fiscal, mas, de outro, continua a gastar”.


 


A cada dia que passa a população vê o poder de compra de seus salários, diminuir. No intervalo de mais ou menos um mês, os preços nas gôndolas dos supermercados brasileiros variaram muito (para cima).


"A inflação registrada pelo grupo Alimentação voltou a avançar, puxando a alta de 0,95% do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) em abril. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o grupo saiu de uma alta de 0,91% na quadrissemana encerrada em 22 de abril para um acréscimo de 1,04% na quadrissemana encerrada no dia 30.
Entre os itens que contribuíram para a inflação no grupo estão hortaliças e legumes (de 3,71% para 4,20%), panificados e biscoitos (de -0,43% para -0,22%), laticínios (de 2,12% para 2,51%) e carnes e peixes industrializados (de 0,74% para 1,16%). O item alimentação fora de casa também acelerou, de  0,70% para 0,89%." Jornal Estado de São Paulo
Há dois meses, a ministra Miriam Belchior, do Planejamento, anunciou cortes de 50 bilhões de reais no orçamento. Até agora, porém, não se viu onde as despesas serão reduzidas.
Ao mesmo tempo, o Tesouro continua a repassar recursos ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. O dinheiro é emprestado a empresas a juro subsidiado. Segundo o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, até o final do ano o estoque de crédito do governo ao BNDES alcançará 315 bilhões de reais — cinco anos atrás era inferior a 10 bilhões.
“Fica difícil para o BC conter a inflação enquanto o Tesouro injeta mais dinheiro no BNDES”, diz o economista John Welch, do banco de investimento australiano Macquarie.


A  falta de pulso  firme do Governo  no combate a inflação se deve ao receio de  frear o crescimento, mas devemos olhar um pouco para o passado e relembrar o Brasil da década de 70 onde o mundo nos elogiava e nos considerava como grande potência econômica dos anos 80, após o milagre econômico.
 O então Ministro da Fazenda na  ocasião, Delfim Neto,  fez a seguinte declaração: “Uma inflação de 19% no Brasil causa menos mal do que 5% nos Estados Unidos”
Em 1973, o mundo sofreu o primeiro choque do petróleo. O governo brasileiro, em vez de reagir com um ajuste que esfriasse a economia, adotou uma política desenvolvimentista bancada por endividamento externo. No final da década, enquanto o crescimento perdia o fôlego, a inflação já alcançava 95%
Passadas quase quatro décadas, o Brasil volta a ser motivo de elogio no exterior e a esbanjar autoconfiança. Em 2010, o crescimento foi de 7,5% e o nível de emprego formal bateu recorde.
Muito diferente do Brasil dos anos 70, o Brasil de hoje possui mais  resistência a choques externos, devido as reservas de  US$ 320 bi, mas alguns economistas já comparam o governo de Dilma Roussef com o dos generais Emílio Medici e Ernesto Geisel.


“A segunda edição do Plano Nacional de Desenvolvimento lançada pelo governo Geisel se parece com o Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC”, diz o economista Samuel Pessôa, da consultoria Tendências. “Ambos têm a mesma premissa ideológica de que o desenvolvimento passa pelo aumento da ação do Estado, financiando obras de infra-estrutura e apoiando a indústria nacional.”
No passado, dívidas foram contraídas para erguer obras como a usina de Itaipu, mas também se torrou dinheiro em projetos descabidos, como a Ferrovia do Aço. Hoje, o PAC financia as hidrelétricas do rio Madeira, mas também promete gastar bilhões com o trem-bala.
Que o passado sirva de lição para nós. Avançamos muito nos últimos anos, mas algumas medidas de combate a inflação devem ser revistas, ou poderemos nos ver no meio da incerteza novamente, e algumas pessoas no futuro poderão citar esta década como sendo mais uma década perdida. Nós não queremos isso.

Fontes: Revista Exame e Jornal Estado de São Paulo 

11/04/2011

Que diferença o IOF faz?


Nessas últimas semanas estamos observando algumas medidas fiscais mais austeras do governo para segurar a inflação, que vem numa crescente, se enquadrando num cenário que há muito não víamos. Mas numa visão menos holística, onde está o centro do problema? Será que o aumento no consumo por parte das famílias é o problema todo e ponto final? Nós, do economia sem mito acreditamos que tudo na economia, assim com nas ciências humanas em geral não é explicado por apenas uma razão. Um exemplo disso, o fluxo cambial a que somos submetidos, é causado por no mínimo 2 problemas...1º: O dólar está mais barato, não só aqui, mas no mundo todo e 2º: O juro real brasileiro é quase o triplo do australiano (2º maior do mundo), isso garante o chamado ganho de arbitragem aos tomadores de crédito externo. E incluindo na discussão um 3º problema, podemos mencionar os gastos públicos que só no 1º bimestre deste ano subiram 15%, o que não é ruim, ou incomum aos governos centrais de todo o mundo, o gasto pode, alias deve subir, mas desde que seja numa cadencia em relação percentual ao PIB.


O fato dado é que as empresas daqui estão num movimento singular de aumento de exposição em moeda estrangeira, basicamente o movimento se dá pelo ganho na arbitragem favorecido pela diferença entre os juros internos e externos, pelo cambio valorizado e pelo forte consumo doméstico (fatos já comentados acima). Na pratica uma coisa leva a outra, Juros altos levam ao forte fluxo de capital positivo (sempre na visão Brasil), que leva ao barateamento do crédito interno, que leva ao aumento do consumo. E onde o governo põe o “dedo”? Digamos que o governo tenta acabar com o problema da fome costurando a boca. Ou seja, o consumo está alto! Então reduz o consumo, dobra o IOF dos empréstimos. Só que há uma ressalva nisso tudo. O consumidor não está nem ai se o IOF está em 1,5%, 3%, 15%, ou 70%...nesse caso a conta é mais simples, se cabe, ou não no orçamento. Ele não vai deixar de consumir por que vai pagar um pouco mais na prestação, se a perspectiva para a economia é boa (e é), o emprego está garantido e consequentemente a renda do individuo também está, e assim sendo, o consumo vai existir independente do IOF mais elevado. Mas engano maior é dizer que o Mantega não sabe disso, é obvio que ele sabe (alias sabe muito mais do que nós), só que não é uma questão somente de Brasil, há uma onda mundial de medidas chamadas de “legitima defesa” e que no final de tudo se não causou o efeito desejado pelo menos gerou mais receita ao governo. Só do 1º aumento de IOF no início do ano, foram mais de R$ 7 bi de elevação na arrecadação.


E por que as empresas estão se endividando no exterior de maneira tão agressiva? Além de todas as vantagens já apresentadas acima, há uma razão por de trás que pouco se comenta, ou melhor, nem se comenta. O motivo do por que uma empresa se endivida é problema na geração de caixa, se não, utilizava recurso próprio, puro e simples! E problemas de caixa estão associados além dos prazos entre pagamentos e recebimentos, ao custo de produção. Se o custo de produção está alto é por que há uma inflação pressionando, seja sobre o minério de ferro para as siderurgias, ou o preço do cimento para a construção civil. A mágica é: A empresa se endivida, reforça seu caixa e se for um banco, por exemplo, empresta esse dinheiro cobrando menos porque tomou a custo mais baixo no exterior, o que causa um grande desequilíbrio, pois se a SELIC está no patamar que está é por que a inflação está obrigando a isso e ela está pressionada por que o consumo doméstico está aquecido, só que essa “mágica” dribla a SELIC. Olhando isso entramos em 2 outras discussões: 1 – Isso explica em partes o porquê da alta no preço dos derivados de petróleo (assunto para um próximo post) e 2 – O problema todo só vai amenizar, quando tivermos uma redução dramática na SELIC que a faça convergir para patamares externos. O que nos traz a tona novamente a maior falha de mercado da nossa economia e das economias emergentes em geral: O cambio. E nisso fecho o post, com uma frase muito oportuna do ex-presidente do Santander no Brasil e da FEBRABAN, Fabio Barbosa em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, já há algum tempo, sobre o cambio: “Ideias boas não são novas e ideias novas não são boas.” Com isso fica uma advertência aos leitores sobre sempre haver a necessidade de enxergar as discussões propostas pela mídia por “n” visões, IOF não é nem nunca foi ferramenta de políticas monetária e cambial e nem é das melhores de política fiscal.
Um abraço a todos e não deixem de nos acompanhar.
Obrigado.

03/04/2011

José Alencar


“Existem irmãos que não são companheiros, mas existem companheiros que são como irmãos” Esta foi uma das frases que o ex Presidente Lula usou para definir o ex vice Presidente José Alencar, que faleceu nesta quarta feira, 29 de março de 2011.
Alencar tinha um ar de homem simples, não aparentava ser o empresário poderoso, dono de um dos maiores grupos têxteis do país. Serviu o Brasil não só como vice-presidente, mas em outras oportunidades já exerceu a função de Senador pelo PMDB, após perder as eleições para o governo de Minas Gerais em 1994 e Acumulou entre 2004 e 2006 o cargo de Ministro da defesa, mas acabou renunciando ao cargo para disputar as eleições novamente ao lado de Lula em 2006.   


Nascido em Itamuri, no município de Muriaé, aos 17 de outubro de 1931, filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, começou a trabalhar com sete anos de idade, ajudando o pai em sua loja. Tinha 14 irmãos e irmãs. Quando fez quinze anos, em 1946, foi trabalhar como balconista numa loja de tecidos conhecida por "A Sedutora". Em maio de 1948, mudou-se para Caratinga, para trabalhar na "Casa Bonfim". Notabilizou-se como grande vendedor, tanto neste último emprego, quanto no anterior. Ainda durante sua infância, entrou para o movimento escotista.
Aos dezoito anos, iniciou seu próprio negócio. Para isto contou com a ajuda do irmão Geraldo Gomes da Silva, que lhe emprestou quinze mil cruzeiros. Em 31 de março de 1950, abriu a sua primeira empresa, denominada "A Queimadeira", localizada na cidade de Caratinga. Vendia diversos artigos: chapéus, calçados, tecidos, guarda-chuvas, sombrinhas, etc. Manteve sua loja até 1953, quando decidiu vendê-la e mudar de ramo.
Iniciou seu segundo negócio na área de cereais por atacado, ainda em Caratinga. Logo em seguida participou - em sociedade com José Carlos de Oliveira, Wantuil Teixeira de Paula e seu irmão Antônio Gomes da Silva Filho - de uma fábrica de macarrão, a "Fábrica de Macarrão Santa Cruz".
No final de 1959 seu irmão Geraldo faleceu. Assumiu então os negócios deixados por ele na empresa União dos Cometas. Em homenagem ao irmão, a razão social foi alterada para Geraldo Gomes da Silva, Tecidos S.A.
Em 1963, constituiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que mais tarde passaria a se chamar Wembley Roupas S.A. Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros, a Companhia de Tecidos Norte de Minas, Coteminas. Em 1975, inaugurava a mais moderna fábrica de fiação e tecidos que o país já conheceu.

A Coteminas cresceu e hoje são onze unidades que fabricam e distribuem os produtos: fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis para o mercado interno, para os Estados Unidos, Europa e MERCOSUL.
Na vida política, foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, presidente da FIEMG (SESI, SENAI, IEL, CASFAM) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria. Candidatou-se às eleições para o governo de Minas Gerais em 1994 e, em 1998, disputou uma vaga no Senado Federal, elegendo-se com quase três milhões de votos. No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infra-Estrutura - CI, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.
Foi, ao início, um vice-presidente polêmico, ao assumir o cargo em 2003, tendo sido uma voz discordante dentro do governo contra a política econômica defendida pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que mantém os juros altos na tentativa de conter a inflação e manter a economia sob controle.
Já a partir de 2004, passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa. Por diversas oportunidades, demonstrou-se reticente quanto à sua permanência em um cargo tão distinto de seus conhecimentos empresariais, mas a pedidos do presidente Lula, exerceu a função até março de 2006. Nesta ocasião, renunciou para cumprir as determinações legais com o intuito de poder participar das eleições de 2006. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.
José Alencar possuía um delicado histórico médico. A partir do ano 2000, enfrentou um câncer na região abdominal, tendo passado por mais de quinze cirurgias - uma delas com duração superior a 20 horas. Em sua longa batalha contra o câncer, submeteu-se a um tratamento experimental nos Estados Unidos, com resultado inconclusivo. Em 2010, após repetidas internações e intervenções médicas, decidiu desistir de se candidatar ao Senado.
No final de seu mandato como vice-presidente da República, em 2010, apresentava um complexo estado de saúde, sendo necessária até mesmo a interrupção do tratamento contra o câncer. No dia 22 de dezembro de 2010, foi submetido a uma cirurgia para tentar conter uma hemorragia no abdômen. 

No dia seguinte Lula e a então presidente eleita Dilma Rousseff visitaram-no no hospital Sírio-Libanês em São Paulo.


Em 9 de janeiro de 2011, o sangramento é controlado e ele deixa a UTI. No final do mesmo mês, sai do hospital para receber uma honraria da Prefeitura de São Paulo, recebendo alta pouco depois para que continuasse o tratamento em casa. Em 9 fevereiro, retorna à UTI devido a uma perfuração intestinal, sendo liberado no mês seguinte.

Voltou a ser internado em 28 de março, vindo a morrer no dia 29 devido a falência múltipla dos órgãos em decorrência do câncer na região abdominal.
A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva, que no momento da morte de Alencar se encontravam em Portugal por motivo da atribuição de um doutoramento honoris causa ao ex-presidente do Brasil concedido pela Universidade de Coimbra, anteciparam o seu regresso para o dia 30 de março. Dilma Rousseff ofereceu à família de Alencar o Palácio do Planalto para que o corpo seja velado e decretou um luto nacional de uma semana. Lula e Dilma acompanharam o velório em Brasília e Belo Horizonte. 
A família de Alencar optou por sua cremação, em cerimônia realizada no dia 31 de março no Cemitério Parque Renascer, em Contagem

Fontes: Terra, UOL e Wikipedia


24/03/2011

Queda de braço entre Agnelli e governo!!!

Desde a crise em 2008/2009, rumores rondam a maior mineradora brasileira e 2ª maior no mundo, sobre a substituição de seu presidente executivo, o paulista de 51 anos Roger Agnelli (Se fala Rogêr Anhéli).

                                     

Até sexta (18) muito se especulava sobre a pressão política que Agnelli vinha sofrendo, mas oficial mesmo nenhum comunicado direto do governo havia sido divulgado expressando a vontade dos políticos. Até sexta, pois num encontro ocorrido entre o Ministro da economia, Mantega e o presidente do conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão, ficou não só claro, como oficializado o desejo do governo pela saída de Roger da presidência da Vale. Mantega teria pedido a Brandão que a substituição ocorresse na próxima assembleia dos acionistas que acontece no próximo mês. Nomes surgem como o de Fabio Barbosa do Santander, que não só é amigo do ex-presidente Lula, como tem uma relação muito próxima com o atual governo, além, é claro de sua competência, experiência e capacidade mais do que provada ao longo de todos esses anos a frente de instituições como Banco Real, ABN AMRO, Santander e FEBRABAN. A não ser, é obvio, pelas vontades do executivo e dos acionistas, o caminho para a presidência da Vale estaria livre, já que Barbosa não ocupa mais a presidência do Santander no Brasil, substituído pelo espanhol Marcial Portela (ex-diretor geral da instituição) e da FEBRABAN substituído por Murilo Portugal (renomado profissional com ampla experiência no setor público, funcionário de carreira do Ipea que ocupava o cargo de vice-diretor-geral do FMI, 3º cargo mais importante da instituição em todo o mundo). Mesmo com todas as qualidades de Fabio Barbosa, isso é apenas mais uma especulação que pairou sobre o tema em algum momento.


Como todos sabem a Vale foi privatizada em maio de 97, pelo então governo FHC, não que tenhamos a intenção de criticar o ex-presidente, pois temos sempre que tomar o cuidado em não cometer injustiças ao comparar os governos que se seguiram. Os cenários econômicos em cada período não eram nem de longe os mesmos, nós não dispúnhamos naquela época de uma economia tão forte e presente nas questões globais como temos hoje, mas isso é outra discussão. Voltando ao ponto...o fato é! A Vale não é mais uma empresa estatal desde 97, no entanto isso não quer dizer que não se cultive ainda um viés público aos arredores da companhia, o governo influencia as decisões da empresa pelo BNDES e pelos fundos de pensão de empresas estatais como a Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), que são acionistas da mineradora, alias os fundos de pensão todos, não só os da Previ, detém a maior parte das ações da empresa. O conselho de administração da Vale ainda conta com outros acionistas de peso como a Bradespar (empresa de participações ligada ao Bradesco) criada após a privatização em 97 e a trading japonesa Mitsui.

Numa breve descrição da evolução da Vale desde a sua privatização e principalmente desde o inicio da gestão de Agnelli, muitas coisas mudaram e maioria delas para melhor, a Vale produzia em 97 quando foi privatizada, 114 milhões de toneladas/ano de minério de ferro, Em 2005, sua produção se elevou em 44,71% chegando a 255 milhões de toneladas/ano, sendo 23% destinadas às siderúrgicas brasileiras e o restante, destinadas à exportação. O ponto de inflexão da Vale, aconteceu para valer em outubro de 2006, quando a companhia adquiriu a canadense Inco, tornando-se a segunda maior empresa de mineração do mundo, perdendo apenas para a anglo-australiana BHP Billiton. Na operação, a Vale comprou 75,66% das ações ordinárias da Inco por cerca de 18 bilhões de dólares. Ano passado a Vale S/A (Nome alterado em assembleia geral realizada em 2009, que mudou a razão social da empresa de CVRD para Vale S/A) ultrapassou a Petrobras como a maior exportadora do país, mandando para fora 24 bilhões de dólares e contribuindo para o superávit comercial do Brasil com 95,83% desse valor, já que a companhia importa apenas 1 bilhão por ano. Com o preço do minério de ferro em alta no mercado internacional é provável que a Vale mantenha a dianteira neste ano, mesmo com o viés de baixa da matéria-prima no mundo. A empresa atua hoje nos segmentos de Minerais ferrosos, como o minério de ferro, principal produto da companhia, na chamada cadeia de alumínio, que possui bauxita, alumina, alumínio primário, atua ainda no segmento de minerais não ferrosos como o cobre, no segmento de carvão com um dos principais projetos da Vale na vila de Moatize, em Moçambique, uma iniciativa incomum as empresas no mundo todo, explorando a África, última reserva de recursos naturais do planeta, se posicionando estrategicamente em vantagem aos concorrentes, além de gerar desenvolvimento local e por último, os segmentos de fertilizantes com as produções de potássio e manganês, e logística, segmento em que a Vale detém 68% da atividade de carga ferroviária do país e 27% da movimentação portuária total da economia, sendo a maior empresa no setor.


Os números falam por si só, é inquestionável que a gestão do atual presidente Agnelli trouxe para a Vale muitos benefícios e não só direcionados para os acionistas, mas para o país, é claro que escorado numa valorização do minério de ferro em mais de 120% nos últimos anos pressionado pela demanda global e principalmente pela China, a companhia, que é a maior detentora de reservas de minério de ferro do mundo, pôde se beneficiar e dar o salto para a 2ª colocação no ranking das mineradoras do mundo, tendendo ao 1º em breve, mas os ventos foram bons para todos e se a Vale deu o salto que deu, foi por que houve algo a mais, houve uma gestão competente e principalmente por que houve um presidente competente, um economista formado pela Fundação Armando Álvares Penteado, com 21 anos de Bradesco, 10 de Vale, um “espírito animal” e uma visão empreendedora muito peculiar de Agnelli. Então o que explica uma troca no comando da companhia? Pontos controversos vindos do governo como o fato das demissões mássicas durante a crise, sendo que no balanço entre demissões e contratações, o saldo é positivo, à suspensão de investimentos no Brasil, no mesmo período, sendo que a Vale foi a empresa que mais investiu no país e alguns outros pontos que culminaram com uma pressão política pela saída de Roger. Pois é, caros leitores, inexplicável à razão, os números estão dados e ao contrário do governo, o mercado enxerga em Roger Agnelli a garantia de um comprometimento concentrado e direcionado principalmente ao retorno para seus acionistas e uma blindagem contra interesses políticos. Mais um importante dado de 2010 foi o lucro da Vale, por sinal o maior lucro líquido da história da indústria de mineração em R$ 30,1 bilhões. Isso nos abre um precedente para uma reflexão:

Será que problema é mesmo o Roger Agnelli, ou é a cadeira que ele ocupa?

Fontes: http://www.vale.com/pt-br/paginas/default.aspx e matéria divulgada em 21/03/2011 no jornal O Estado de S.Paulo – “Mantega negocia com Bradesco saída de Agnelli” de David Friedlander