O Brasil necessitava de um novo plano para salvar sua economia, não poderíamos prosseguir com uma inflação desajustada aos mesmos níveis dos anos 80.
O Presidente Itamar Franco reuniu pessoas capazes de elaborar uma saída para a economia do país, foram eles, Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e Ministro da Fazenda, juntamente com os economistas: Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan e Edmar Bacha.
Estes tinham uma difícil missão a cumprir; elaborar um plano econômico que acabasse com a pressão dos preços sem congelamento dos mesmos e diminuir a liquidez na economia, sem bloquear poupanças como no plano anterior.
Árida teve a idéia, então FHC logo pensou em colocá-la em prática.
No vídeo abaixo o ex presidente fala um pouco sobre o plano:
No vídeo abaixo o ex presidente fala um pouco sobre o plano:
O Plano Real era tido como um plano tecnicamente bem feito, mas alguns economistas temiam que o governo falhasse na execução; o que era muito comum em políticas de estabilização, onde não se errava no plano e sim na execução.
A execução do plano englobava principalmente Política fiscal e Monetária, essas duas deveriam ser e foram infalíveis para o sucesso do mesmo.
O Plano Real foi um marco na economia brasileira e mundial, bateu recorde no tempo de planejamento e colocação da nova moeda em circulação. Essas operações ocorreram em apenas 8 meses.
Após a saída de FHC do ministério para concorrer às eleições presidenciais de 1994, Rubens Ricupero assumiu o posto de Ministro da Fazenda e deu continuidade ao plano.
Ricupero teve grande participação no plano, cuidou de sua execução de uma forma exemplar, sendo mais tarde reconhecido pelo próprio FHC como uma das pessoas mais importantes para que o plano obtivesse êxito.
“Aqui jaz a moeda que acumulou, de julho de 1965 a junho de 1994, uma inflação de 1,1 quatrilhão por cento. Sim, inflação de 16 dígitos, em três décadas. Ou precisamente, um IGP-DI de 1.142.332.741.811.850%. Dá para decorar? Perdemos a noção disso porque realizamos quatro reformas monetárias no período e em cada uma delas deletamos três dígitos da moeda nacional. Um descarte de 12 dígitos no período. Caso único no mundo, desde a hiperinflação alemã dos anos 1920.”
Joelmir Beting
Após o escândalo da Parabólica Ricupero deixou o ministério, sendo substituído por Ciro Gomes em Setembro de 1994. Ciro não teve participação nenhuma no Plano Real.
A população teve de se adaptar muito rápido às mudanças impostas pelo Governo, antes da introdução oficial do Real em 01/07/1994 as pessoas se viram usando até três moedas diferentes (Cruzeiro real, URV e Real). Era comum ir à feira e ver placas com preços marcados em vários tipos de moeda.
Segundo jornais e revistas da época cobradores de ônibus receberam treinamento de ultima hora para calcular preço de passagens e troco. Muitas pessoas tinham contato com a nova moeda nas próprias catracas dos ônibus. Outros recebiam a nova moeda e não conseguiam gastar, alegavam que aquilo só seria dinheiro em no mínimo 20 dias.
Segundo jornais e revistas da época cobradores de ônibus receberam treinamento de ultima hora para calcular preço de passagens e troco. Muitas pessoas tinham contato com a nova moeda nas próprias catracas dos ônibus. Outros recebiam a nova moeda e não conseguiam gastar, alegavam que aquilo só seria dinheiro em no mínimo 20 dias.
O Plano Real enfrentou algumas crises, a primeira foi a do México em 1995; entre 1997 e 1998 cerca de 400 instituições financeiras quebraram, mas por mais espantoso que seja este cenário já era esperado, pois estas instituições não se prepararam para um ambiente sem inflação crônica.
Hoje em dia temos um sistema bancário considerado intacto, passamos quase que ilesos à crise do SUBPRIME. Outro fator que colaborou para a segurança dos bancos foi a criação do PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) em 1995, este plano dá pode ao Banco Central para intervir no caso de falência da instituição.
Mas a crise do México manchava a imagem dos demais países emergentes, então investidores viam o Brasil com certa desconfiança, o que levou o Banco Central a elevar sua taxa de juros (SELIC) para tentar manter o capital estrangeiro. Em 1998 veio a crise da Ásia e em 1999 a crise da Rússia, com isso a SELIC alcançou o nível de 45% em março de 1999. Em Janeiro do mesmo ano o País abandonou o regime de câmbio fixo, desde então Brasil adota o regime de câmbio flutuante (o preço do US$ é determinado pelo mercado). Depois vieram as crises do Apagão e das Torres Gêmeas em 2001, refletindo nas bolsas de valores em todo o mundo e no Brasil vivíamos a crise do apagão. O governo continuou com as mesmas medidas e mesmo assim o Brasil foi muito afetado. Nas eleições de 2002 o PT colocou em evidência as crises sofridas pelo governo FHC, colocando em xeque a candidatura do Tucano José Serra. As decisões tomadas em 1999 e adiante foram muito importantes para a estabilidade do plano ao longo desses anos. Após a saída de FHC da presidência, Lula reuniu pessoas capazes de conduzir a Economia de uma forma que podemos afirmar que o Plano Real foi aprimorado nestes 7 anos de Governo.
As medidas anticíclicas tomadas durante a crise de 2008 foram essenciais para o sucesso do Brasil em meio a um cenário econômico caótico. O estimulo ao crédito e a responsabilidade de tranqüilizar a população em meio a uma crise de grandes proporções levou o país a sair da crise quase que ileso.
Acredito que estamos no rumo certo, esta moeda foi e é fundamental para o nosso desenvolvimento como Grande Economia do mundo.
Esperamos que os próximos governantes, saibam guiar nosso país de maneira que as medidas que conhecemos hoje sejam aprimoradas no futuro.
Por: Nilton Nascimento
Nilton , você poderia explicar qual seria o impacto que a taxa selic aumentada recentemente para 9,5%, teria sobre o spread no Beasil?
ResponderExcluirSem ser muito técnico, podemos concluir que com o aumento da Selic os bancos enxergam oportunidades de ganhos mais rentáveis no mercado e não emprestando dinheiro aos clientes. Sendo assim ao emprestar dinheiro o banco aumenta a taxa de juros cobrada ao cliente final (pessoa fisica/juridica). Concluimos que o spread acompanha a taxa de juros do BC. quando há aumento na selic, o mesmo acontece no spread.
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