Cresci sendo forçado a crer que o Plano Brasil Novo, mais conhecido como “Plano Collor”, foi um vilão na história do Brasil. Hoje olhando com outro ponto de vista, levantando as causas antecedentes ao plano e a situação econômica do país naquele momento, posso afirmar que o Plano Collor não foi tão vilão assim como dizem.
As intenções do Plano Brasil Novo eram as melhores possíveis, tendo em vista a situação econômica do país naquele momento, onde os índices de inflação atingiam dois dígitos ao mês, chegando a incríveis 2.000% no ano de 1989, ano este em que Collor foi eleito por voto direto, a primeira eleição celebrada desta maneira no Brasil. Conter a inflação incentivada por altos níveis de liquidez era o principal objetivo do plano. Que possuía muitas medidas racionais, tendo em vista a situação em que se encontrava a economia no período em questão. A ministra da Fazenda, Zélia Cardoso juntamente com Ibrahim Eris, então presidente do Banco Central e Antônio Kandir, idealizaram o Plano, com objetivo de conter a inflação, tendo como medidas principais: Diminuir o excesso liquidez (muito dinheiro circulando estimulava a alta dos preços); Cortar o déficit público (gastos do governo) e a Desindexação da economia (mecanismo que reajustava os preços automaticamente, acompanhando a inflação passada).
A medida que é até hoje lembrada, com muita polêmica, é a que estava dentro do plano de reduzir a liquidez, que consistia em bloquear por 18 meses os depósitos em poupança acima de NCz$ 50 mil. Tais depósitos eram corrigidos diariamente pelo “overnight*”, na época visto como alimentador da inflação. A lógica por trás desta medida era bem simples, com menos dinheiro na economia, as pessoas não gastariam, isso por sua vez reduziria o consumo. Sendo assim não haveria pressão inflacionária.
No plano também estava incluso a troca de moeda; migraríamos de Cruzados Novos (NCz$) para o Cruzeiro (Cr$) com dois propósitos: Permitir o bloqueio sem transgredir a lei, pois os recursos seriam devolvidos em moeda diferente; e marcar a mudança da política econômica.
Dias atrás quando assistia a uma entrevista do então Ministro das Comunicações, Hélio Costa, percebi que ao ser questionado sobre o ex-presidente Fernando Collor, ele o definiu como injustiçado, fiquei com isso na cabeça e fui buscar razões para ele ter dado essa resposta.
Collor foi eleito em circunstâncias duvidosas, no que diz respeito à mídia. Mas o certo é que ele foi eleito, conseguiu derrotar o atual Presidente no 2º turno das Eleições daquele ano.
O “Plano Collor” trouxe benefícios ao país, o plano previa a redução gradual das tarifas de importação, para forçar a competição. Assim, com os produtos importados mais baratos, o mercado interno seria forçado a reduzir os preços e melhorar a qualidade de seus produtos.
A desindexação estabeleceu que os contratos não poderiam mais usar a inflação para correção monetária em prazos inferiores a um ano. Com isso os salários, investimentos e contratos não poderiam ser mais reajustados automaticamente pela inflação do mês anterior. A lógica é a seguinte: ao aumentar os preços, essa indexação “carrega” para frente essa inflação passada.
O ajuste nas contas públicas englobava demissões em massa de servidores públicos, aumento de tarifas públicas e o inicio das privatizações. Isso reduziria a quantidade de dinheiro que o governo “despejava” para pagar suas próprias contas.
Olhando os objetivos do Plano, começo a entender a resposta do Ministro Hélio Costa.
Eu não tinha idade para compreender tais benefícios na época, mas hoje compreendo que Collor com medidas um tanto drásticas, mas necessárias, conseguiu deixar o terreno pronto para receber o “plano real”. Pois o plano real de 1994 foi desenhado por Collor, e ele não seria possível se tais medidas não fossem tomadas quatro anos antes.
Por: Nilton Nascimento
Nilton excelente explicação sobre o governo Collor, acredito que a maioria das pessoas acham que Collor foi realmente um vilão para o deenvolvimento do país em sua época de atuação, mas para aqueles que buscam e tenham um pouco de conhecimento sobre o assunto sabem que as medidas drásticas como dito por você foram realmente necessárias, para controlar os altos níveis de inflação que o país sofria na época.O governo Collor foi marcado pelo grave envolvimento de corrupção, hoje por ser mais velho e entender melhor nosso governo poderia dizer que fizeram um jogo sujo contra ele , feito pelos empresários e pessoas que de certa forma achavam - se prejudicadas pela coragem de Collor incentivar o livre comércio na época , com a tentativa de melhorar nossos produtos em termos de competitividades.Diversas empresas eram de certa forma "obrigadas" a baixar o valor dos produtos e melhorar a qualidade dos mesmos...a intenção de Collor não era prejudicar as empresas , mas sim fazer com que o nosso mercado tivesse qualidade suficiente para competir com o mercado externo, o resultado disso já sabemos com dois anos de governo Collor foi acusado por corrupção, midia, movimento estudantil da época foram crucias para tirar ele de seu governo.Quero deixar claro que não estou aqui para dizer que Collor é inocente e não tenha talvez culpa por essas acusações, afinal seria algo dificil para nós sabermos, mas estou colocando possíveis variveis sobre o cenário da época que pode ter ocorrido...até por que entrar nesse mundo não deve ser fácil !!!
ResponderExcluirApesar de estar lendo com um certo atraso, gostaria de deixar meu comentário, pois o que é história, não se apaga.
ResponderExcluirA verdade é que as coisas aconteceram um pouco rápidas naquela época, se levarmos em consideração que passamos por um suposto "mensalão" e por outras denúncias no governo Lula, sem que nada fosse feito de imediato.
Com o Collor foi o contrário, o forçaram a renunciar na época, sem ao menos provarem alguma coisa.
Belo texto por sinal.
amei o texto, bem explicativo. tirou dúvidas que eu tinha desde de pequena.. e me ajudou a elaborar um trabalho de escola que vou apresentar. obrigado!
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